terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Nos sons do silêncio







Vim do nada, sem pressa para chegar

serei fruto da miséria que a sociedade tem para dar

sou os sons da noite a repousar na madrugada

escondem os mal-aventurados, sua vida amaldiçoada

sou o silêncio do eco da palavra, democracia

a sombra do medo, do medo que mais temia

sou o álcool que anima esta mísera vida

sobriedade ingerida em qualquer bebida

sou a peneira separadora do bom e mau chão

arado parado na terra por não haver grão

diz-me para onde ir, neste caminho que não conheço

escreve o endereço neste luar em que amanheço

vim do nada, não tenho pressa para chegar

serei em novelo de esperança, o nó a desvelar

sou o olhar de luz na escuridão a percorrer

porque a esperança é a ultima a morrer

sou os sons da cidade, do campo ou do mar

sou a vontade, na vontade de tudo mudar

vim do nada… sem pressa para chegar

e não serei a miséria que a sociedade tem para dar

mesmo sabendo, que sou um grão de areia

neste imenso sistema de chama em caldeira

quero a ilusão, a que tenho direito, por inteira

não vim do nada… mas sinto falta do meu berço

quando à noite, nos sons do meu silêncio me aconchego!



Filomena Martins


3 comentários:

  1. O meu bem-haja ao Solar de Poetas

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  2. "Sou o silencio do eco da palavra"
    O poder maior, esta na forca deste eco.
    Nao ha som mais forte nem poder maior que o da palavra!
    Muito bom!
    bjs

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