Pedi licença à saudade
e arrastei-te para dentro de mim
Agarrei no teu corpo
e encostei-o na parede
por dentro do meu pensamento
Desenhei palavras loucas
fiz-te versos floreados
aqueles que só tu consegues entender
apenas tu lês as entrelinhas
do meu corpo e da minha memória
Apenas tu tens o mesmo sabor amargo
guardado na boca
sempre que os teus lábios se entreabrem
És tu quem repousas junto a mim
é para ti que eu olho quando as pálpebras
desfiam um sorriso enquanto durmo
É no teu peito envolto em névoa
que o meu peito adormece
e se entrega em sonhos apenas meus
É tua a saudade
é teu o corpo
é tua a mente
e as noites
e todas as madrugadas
que eu vejo desfilarem
perante os meus olhos
São tuas as lágrimas
que me molham o peito
são tuas as lembranças
que me acolhem o pensamento
são tuas todas as saudades...
e
São minhas todas as dores...
E é no meu corpo e na minha mente
que tudo isso se abate
com a força avassaladora
de uma tempestade fora de época...
São Reis
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